quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Te vi hoje. E doeu.

Linhas traçadas no papel. Tudo isso.
Linhas que se cruzam e seguem retas e seguras.
Algumas se unem, e seguem firmes. Mas isso só acontece lá. Aqui elas aproximam-se paralelas, chegam a quase se tocar, mas jamais isso acontece.
Sentir a presença, respirar o mesmo ar. Tudo isso me sobe a cabeça e me deixa assim, atropelado por sentimentos odiosos em relação a mim mesmo.
Sempre que vejo, isso acontece.
E sempre vejo.
É isso que mais dói.


Poderia esquecer se talvez fosse cego.
Mas a verdade é que sempre fica uma marca, de uma forma ou outra.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A intensidade e o barbeador.

Mas é o vazio. De nada adianta a proximidade. É insosa, transparente. São afetos vãos, impressos na necessidade instintiva de amar. É a densidade deixando-se cair.
O véu branco e o cetim. A profundidade e a estabilidade. É o fluxo, o impulso, a dança. O contato enérgico e vibrante. O som dos seus movimentos. A mão a repousar sobre o papel. O fluxo, a transmissão.
Esvair-se, deixar incompleto.
Abandonar-se talvez.
É a densidade. Apenas.






Comprei um barbeador elétrico pra evitar de me cortar com a navalha.
Pois bem, me cortei também com o barbeador elétrico.
Quando é pra machucar, não importa de que meio isso procede. Sempre se sai ferido.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Dia de chuva - I e II

I

Ás vezes é preciso se molhar na chuva. Chuva é renovação, e talvez algo disso molhe nosso corpo, nos inunde. Mas confesso que tenho medo. Deixo sempre as portas abertas para poder voltar ainda seco.

II

Há correntes caudalosas e frias de vida correndo nas ruas, indo em direção aos bueiros, sendo consumidas pela terra, engolidas. Vez ou outra avistam um galho, uma pedra, um entulho qualquer e nele tentam se agarrar da maneira mais firme possível. Porém, no último instante se entregam e fluem por entre os obstáculos em direção a um intervalo no asfalto.